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Todos os dias assistimos ao fiasco do ultraliberlismo.
Todos os dias esse sistema ideológico, baseado no dogma (ou na ilusão) de uma auto-regulação da economia dita de mercado demonstra a sua incapacidade de se gerir a si próprio, de controlar o que suscita, de dominar o que desendandeia. A ponto de as suas iniciativas, tão cruéis para o conjunto das populações, acabarem por se virar contra ele por efeito de boomerang, enquanto ele se mostra impotente para estabelecer um mínimo de ordem naquilo que persiste em impor.
Qual a razão das suas actividades poderem ser prosseguidas com a mesma arrogância, do seu poder tão caduco se ir consolidando e do seu carácter hegemónico se manifestar cada vez mais?
Qual, sobretudo, a razão de termos cada vez mais a impressão de vivermos apanhados no seio de um poder fatal,«mundializado», «globalizado», tão poderoso que seria inútil pô-lo em causa, fútil analisá-lo,absurdo opor-se-lhe e delirante simplesmente sonhar em libertar-se de uma tal omnipotência que se diz confundir-se com a história?
Qual a razão de não reagirmos em vez de cedermos, e até de darmos permanentemente a nossa aquiescência, tentanizados, como que presos por tenazes,cercados de forças coercivas, difusas, que saturariam todos os territórios consolidados, inextirpáveis e de ordem natural?
Seria tempo de acordarmos, de verificarmos, que não vivemos sob o império de uma fatalidade mas, mais banalmente, sob um regime político novo, não declarado de carácter internacional e atéplanetário, que se instalou à vista de todos mas sem ninguém saber, não clandestinamente mas insidiosamente, anonimamente, tanto menos notado quanto a sua ideologia esvazia o próprio princípio da política e a sua força não necessita do poder das suas instituições.
Este regime não governa; despreza - melhor, ignora - aquilo e aqueles que haveria de governar. As instâncias, as funções políticas clássicas, subalternas a seus olhos, não lhes interessam: pelo contrário, apanhá-lo-iam e, sobretudo, chamariam a atenção sobre ele, permitindo transformá-lo num alvo, dar pelas suas manobras, designá-lo como origem e motor dos dramas planetários a propósito dos quais acaba por nem sequer ser mencionado, pois, se detem a verdadeira gestão do planeta delega nos governos a aplicação do que ela implica.
Quanto às populações, só às vezes lhes reage com irritação quando eles fogem à reserva, ao mutismo permanente que supostamente os define.
A questão não é, para esse regime, organizar uma sociedade, estabelecer nesse sentido formas de poder, mas pôr em prática uma ideia fixa, poderia dizer-se maníaca: a obsessão de abrir o caminho ao jogo sem obstáculos do lucro, e de um lucro cada vez mais abstracto, mais virtual.
Acabei de transcrever as duas primeiras páginas deste livro que aconselho vivamente, a sua leitura.
Será que estou a fazer confusão, ou este pequeno trexo, leva-nos até ao "Ensaio sobre a Cegueira " de José Saramago!
Se concordarem digam, se não concordarem digam na mesma!
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