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O que está longe de não ser nada e que é preciso preservar a todo o custo enquanto ainda é tempo, a fim de nos libertarmos deste regime, desta estranha ditadura que julga poder dar-se ao luxo, de tão forte que é, de poder suportar um quadro democrático.
Qual é a urgência? Destruir radicalmente a sujeição às propagandas. Ter a paciência de identificar as falsas questões que escondem os verdadeiros problemas. Recusar manipular, sob o controlo dos que os exploram, os dados com que eles avançam e jogar assim, com eles, o jogo que se combate; e não cair, sob o protexto de encontrar soluções à pressa e a qualquer preço, na armadilha que faz escolher as que são previstas e determinadas pelo adversário.
Prioridade, portanto, à recusa de deixar-se fascinar pelas questões adulteradas, repisadas incessantemente, que ocultam a realidade - e antes demais ao facto de que tomar essas questões como válidas, e como as únicas válidas, faz parte do problema. Por vezes, constitui o problema.
Ficar na ignorância dos verdadeiros problemas, dos seus verdadeiros lados, não deixa outra saída que não seja sofrêlos
do modo escolhido por aqueles que os criaram e que se asseguram assim da sua perpetuidade. Ora, nós debatemos e debatemo-nos em função dessas versões adulteradas, redundantes, apresentadas por aqueles que têm interesse em censurar as origens da situação e que as substituem pelas suas próprias conclusões, sobre forma de postulados. De maneira que é a partir desses postulados que daquí em diante serão considerados problemas...daqui em diante escamoteados. Um desses postulados, sem dúvida nenhuma essencial, decreta a prioridade do lucro; pressupôe-se a supremacia deste é obvia, a ponto de, sempre preponderante, nunca ser mencionado. Já não se tratará dele, mas, para todos os efeitos e em todas as circunstâncias, deverão ser obtidas as condições que o favoreçam; elas serão dadas como indespensáveis para outras causas, precisamente aquelas que essas próprias condições degradam, como causa do emprego.
Qualquer problema que tenha na origem o lucro será resoplvido partindo do dogma da sua necessidade e da afirmação que estabelece que o conjunto das populações depende dele e tira proveito dos lucros incomenseráveis que vão para alguns, sem os quais conheceria a sua perdição.
Imagine-se que só um insidioso e persistente trabalho de propaganda consegue criar e enraizar tais reflexos condicionados! O lucro nunca é exposto, ou então desempenha um papel altruísta, providencial (para aqueles que, na verdade, perde). Nunca é debatido, nunca é posto em causa, enquanto tudo se mobiliza para ir no seu sentido.
Vivemos presos no seio desse não-dito, de uma política inteiramente ligada a esse não-dito preponderante,tacitamente aceite, como lógicas tanto mais imparáveis quanto decorrem dele e não têm que ser demonstradas.
UMA ESTRANHA DITADURA de VIVIANE FORRESTER
TraduçãoFREITAS Da SILVA
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Se não existisse o desemprego, o regime ultra liberal inventá-lo-ia. Ele é-lhe indispensável. É ele que permite à economia privada manter sob o seu jugo a população planetária mantendo a «coesão» social, isto é, a sujeição.
A sua política ocupa.-se então em manter o respectivo conceito num contexto em que já não tem lugar e ameaça todos os indevíduos, com poucas excepções. Haverá algum meio mais eficaz de constrangimento? Haverá melhor garantia de «paz siocial»?
Na condição, todavia, de não perturbar a velha ordem de valores relativos ao desemprego e ao emprego, de levar uns à sua veneração, mesmo que os outros os espezinhem.
De considerar «arcaica» qualquer preocupação àqueles que sofrem a manutenção de talsituação,e qualquer crítica a uma modernidade que consiste em arranjar maneira de o emprego ser tão fundamental para uns como o lucro para aqueles de que depende - enquanto empregos e lucros se tornam incompatíveis.
Portanto, na condição de evitar qualquer reavaliação, qualquer actualização,qualquer esclarecimento do sistema actual.
Donde a exaltação do culto do emprego à medida que o emprego desaparece, como a focagem nele de toda a vida social e política, enquanto o desemprego se espalha.
Trata-se, enquanto este se encrusta,estrutural,de impor uma versão do emprego que dê a sua raridadepor acidental e furtiva, prestes a desaparecer - e de desdramatizar assim, muito oficialmente, a situação dos desempregados.De anunciar que só lhes é pedido um pouco de paciência e que seriam muito ingratos se não se comovessem com todas as penas a que se sujeitam por eles enquanto eles nada fazem, como o esforço incansável desenvolvido para encorajar as suas ilusões a propósito de promessas que é suposto já virtualmente cumpridas e , por fim, testemunhar essa confiança não tratando dos seus problemas, considerados praticamente resolvidos.
Essa boa consciência permite insinuar que o estado dos desempregados não se deve em nada às carências da sociedade, mas sim à sua própria incapacidade,azar ou falta de jeito. Ou ainda à sua preguíça.
Páginas 93 e 94 do livro UMA ESTRANHA DITADURA de VIVIANE FORRESTER
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TU SOZINHO NÃO ÉS NADA JUNTOS TEMOS O MUNDO NA MÃO!
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